Ortodontia

Parte dos ortodontistas não informa aos pacientes quais serão os resultados do tratamento


Pesquisa realizada com especialistas de todo o Brasil mostra que apesar de 86,93% reconhecerem a importância da relação comercial com seu paciente, muitos não divulgam para este, de forma por conversa e por escrito, quais serão os resultados do tratamento.

O ortodontista passou a ser alvo de questionamentos, muitas vezes no âmbito judicial, em virtude da expectativa frustrada do seu paciente. De fato, o desenvolvimento do processo ortodôntico e, sobretudo, da finalização do tratamento realizado, poderá estar em desacordo com a expectativa real do paciente em seus resultados. Nesse sentido, Elionai Soares e equipe do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic resolveram investigar a opinião do ortodontista brasileiro sobre a problemática paciente x profissional em relação à importância da relação comercial estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC); à natureza obrigatória dos seus serviços ortodônticos; e às explicações, ao paciente, dos riscos inerentes ao tratamento ortodôntico.

Para tanto, foi realizado um censo estatístico por meio de um questionário enviado a todos os ortodontistas do Brasil, devidamente inscritos no Conselho Federal de Odontologia, do qual participaram 1.469 especialistas. De acordo com artigo publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2007 da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, “o tratamento ortodôntico corrige más oclusões com o objetivo de oferecer, aos pacientes, melhores condições de função e estética. No entanto, nem sempre são reportadas ao profissional, de maneira adequada, todas as expectativas do paciente, dificultando, desta forma, a elaboração de um plano de tratamento com base nestas expectativas e nas possibilidades reais de tratamento”.

No trabalho, a equipe verificou que 86,93% dos ortodontistas brasileiros reconhecem a importância da relação comercial com seu paciente, de acordo com o CDC; 35,33% dos profissionais consideram a Ortodontia como uma atividade de meio, isto é, execução do tratamento ortodôntico sem promessa profissional de um resultado final; e 63,31% orientam, de forma oral e escrita, os seus pacientes sobre os riscos do tratamento ortodôntico.

Dessa forma, os pesquisadores concluem que o ortodontista brasileiro está consciente da importância do CDC na relação comercial estabelecida com o seu paciente, o consumidor final. No entanto, apenas uma minoria dos ortodontistas do Brasil, além de considerar importante essa relação comercial, entende a atividade ortodôntica como obrigação de meio e mantém o paciente informado, de forma oral e com os devidos registros, dos riscos de um tratamento ortodôntico. “O registro da queixa principal no prontuário ortodôntico, antes do início do tratamento e juntamente com o esclarecimento dos riscos e limitações da terapêutica empregada, passou a ser uma etapa imprescindível na prevenção de conflitos litigiosos na relação paciente x profissional”, ressaltam no artigo.

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